Psicólogo Natal, RN

Fone: (84) 3034-9698
  • HOME
  • CARLOS VIEIRA
  • SERVIÇOS
    • Psicoterapia
    • Terapia de Casal
    • Laudos psicológicos
    • Orientação a pais e professores
    • Plantão psicológico
    • Palestras
  • ESCRITOS
    • ARTIGOS AUTORAIS
    • ESPAÇO DE CITAÇÕES
    • MATÉRIAS COMENTADAS
  • AGENDE SUA CONSULTA
  • Home
  • News
  • Artigos Autorais
  • A psicologia e os nossos dias
 
11/01/2018 / Publicado em Artigos Autorais

A psicologia e os nossos dias

“Cada ser humano é uma pequena sociedade”, disse certa vez Novalis, prestigiado poeta alemão que viveu nos séculos XVIII e XIX. O mundo contemporâneo é sacudido por males como violência, fundamentalismos e níveis de intolerância que, em soma, podem ser capazes de assustar o menos otimista dos cidadãos. Não é de modo algum raro que sejam ouvidas referências ao mundo como lugar de caos. Sobre macroestruturas políticas, sociais, culturais e econômicas são demandadas mudanças não poucas vezes radicais. Por quantas vezes acompanhamos os noticiários, perplexos, com o que tem se tornado comum se apresentar diante de nossos olhos?

Uma das fontes do mal-estar contemporâneo está no fato de que as pessoas não leem o mundo de modo a assimilá-lo de forma a se revelar satisfatória, haja vista a demanda, efeito primário da globalização, a enxurrada de informações e notícias que se nos chegam, postas a fim de descortinar, em tese, parte dos atuais arranjos do mundo. É algo que podemos colocar sob analogia com um livro que seria bastante volumoso, sobre o qual não tivéssemos como dispor um período de tempo razoável para lê-lo por inteiro, pois, além de naturalmente vasta, a produção de coisas no mundo nunca cessa, do que se segue um desdobramento do qual não se pode fugir, qual seja, sempre haverá algo de que não viremos saber de nossa realidade local ou global; diante disso, há uma demanda de complexificação sobre o que se passa – o que inclui, muito especialmente, um estar às voltas com questões relativas à manipulação contumaz e sistemática de informações, por meio das mídias em geral, empresas de telecomunicações em grande parte, até que disso resulte uma assimilação e diferenciação de coisas diante do festival de tais transmissões de informações.

Tal relevância de assimilar aquilo que nos é exibido por meio das telas do mundo moderno encontra equivalência com algo que nos ocorre particularmente, isto é, o mundo interno de cada um. As “elaborações” constituem um recurso psíquico primaz, uma vez que o sujeito, por meio do uso de tal recurso, estará caminhando para um importante processo rumo à distância de posição de “con-fusão” (problemas são coisas para as quais não foi dada uma devida solução, e isso passa pela con-fusão, entre o sujeito e o seu problema, ao largo de suas possíveis soluções), sobre o que quer que seja, apropriando-se de elementos presentes num determinado estado de coisas. “E-labor-ação” significa, portanto, trabalhar psiquicamente sobre uma ação, ação (presente) sobre ação (passado), dando ordem a uma dada “situação psíquica”, em prol de uma organização para o sujeito e uma concretização disso em sua vida. O “sinto-ma” costuma ocorrer quando algo de relevante escapa às condições de elaboração do sujeito, algo que se coloca fora do seu quadro associativo, algumas vezes disperso, tal como uma peça de um satélite ao se soltar no espaço, apresentando-se, assim, desprovido de sentido, lugar e, inevitavelmente, representação. À essas peças soltas, importa que sejam reintegradas ao consciente do sujeito, a fim de que se possa atribuir um lugar mais apropriado em seu universo psíquico.

O que se dá como manifestação da subjetividade, quando se está sob os escombros da máscara com a qual se veste este ou aquele sujeito, revestindo-se a si mesmo de qualquer coisa distinta do que é si mesmo, fora a verdade do sujeito, o que faz lançar como base sobre a qual se assenta essa subjetividade fundamento de pó. A verdade é responsável pela construção de pilares que visam a sustentação de possibilidades autênticas a uma vida que se deseja presentificada segundo o desejo de e pela vida, o que se realiza respeitando a autenticidade de si, que se coloca em lado diametralmente oposto à situação da ignorância de si e da própria covardia. Enquanto imperam as aparências, emperra o ser. Um lugar para tratar do próprio mundo é algo essencial e por vezes uma experiência inadiável, lugar dedicado ao sujeito, onde o convite, desde o início, é reiteradamente ao ser, a si mesmo, dando passos além daquilo que o impede.

O que faz alguém estar perto não está disposto apenas geograficamente. O que vale para uma referência entre uma pessoa e outra não vale menos para uma referência entre uma pessoa e uma outra versão, dela mesma. O homem, que não está em outro lugar senão onde está o seu próprio corpo, não está, necessariamente, onde se encontra o seu próprio ser. Aquilo que não atesta autenticidade remete a um estado de coisas relativo aos inúteis avessos de si mesmo – ou mesmo excepcionalmente útil, enquanto referência à uma conclusão sobre o que não se deseja e não se quer ser.

É um valor em si mesmo a construção, por cada um, da sua própria loucura – aqui, leia-se loucura como aquilo que é único de cada um, que te move, te cura de ser quem o sujeito não é, o que rompe por vezes radicalmente com a realidade estabelecida, e que, de tal modo singular, tende a se revelar em nada homogeneizável com a ordem do mundo, ocasionando sofrimento, por vezes, em virtude da “deslocalização” de si entre os seus semelhantes – essa redefinição de si, em maiores ou menores proporções, constitui decisão fundamental.

A Psicologia e a Psicanálise se lançam no mundo dispostas a um imprescindível debruçar-se sobre questões de cuidado, a partir de uma escuta ética, num processo marcado por encontros que se propõem vivificadores para aquele sujeito que atravessa um dado momento na vida sobre o qual deseja fazer algo diferente, algo melhor diante do que está posto, trazendo, do distante horizonte para as suas entranhas, no dizer de Zimmerman, “um amadurecimento, tal como é empregado para caracterizar um queijo que está maturando, sazonado, o que equivale ao trabalho de uma lenta elaboração psíquica que permita a obtenção de mudanças da estrutura psíquica, com resultados estáveis e duradouros”.

Uma sessão de terapia é algo que deve se realizar de uma forma sagrada – fora de qualquer acepção religiosa, apontando, não obstante, o inequívoco lugar de um valor. Enquanto ocorre a sessão terapêutica, a partir do encontro desse par de ímpares, o “mundo lá fora” fica em suspenso; trata-se de um lugar, muito propriamente de uma experiência, que deve ser de absoluta reserva para o sujeito, onde só aquilo, enquanto acontece, deve, em suma, existir, num isolamento dos ruídos do mundo, que não devem encontrar lugar, a fim de que se possa evitar a não-entrega total do espírito, no qual se põem em trabalho processos de construção, desconstrução e reconstrução de elementos da tessitura da existência de cada sujeito.

Somos engajados na causa clínica, de modo a concebê-la especialmente como experiência de vivificação da existência humana. Aqueles que nos buscam, a partir da presença de um sinto-ma, cuja razão de ser pode não estar revelada a priori, podem vir a encontrar, no seio da experiência por nós proposta, novas razões de ser para si próprio e, portanto, para um fazer mais interessante e pleno com a própria vida.

Leia mais nesta categoria

Uma particular forma de sedução nos dias atuais
Pandemia: qual a saída?
A moeda da tristeza e suas faces

Deixe uma resposta Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

dezessete − quatro =

PESQUISAR

MAIS RECENTES

  • Pandemia: qual a saída?

    O que viralizou desta vez, não foi um texto, um...
  • Sobre (con)viver nos dias atuais

    Não é tão incomum quanto pode fazer parecer à p...
  • “Há muitas pessoas com doenças mentais que não se tratam porque têm vergonha”

    Nos últimos anos, diminuiu muito o número de ca...
  • A violência no mapa do Brasil: uma travessia que desafia o país

    O destino não vem do exterior para o homem, ele...
  • Brasil é o país mais depressivo da América Latina, diz OMS

    Índices de transtornos de ansiedade são o tripl...

TAGS

Concebo a clínica como lugar de vivificação da existência humana. Aqueles que se dão à oportunidade para esse importante passo, motivados a partir da presença de um sinto-ma, cuja razão de ser pode não estar revelada a priori, podem vir a encontrar, no seio da experiência por nós proposta, novas razões de ser para si próprio e, portanto, para um fazer mais interessante e pleno com a própria vida.

>> Leia mais

LOCALIZAÇÃO

INFORMAÇÕES DE CONTATO

FONE: (84) 3034-9698

Av. Rui Barbosa, 1868 - HC Plaza (vizinho ao Hospital do Coração) - Lagoa Nova, Natal/RN

SUBIR